sexta-feira, 11 de fevereiro de 2011

ANTIINFLAMATÓRIOS - Ação / Efeitos Colaterais

Saiba os riscos e efeitos colaterais do uso indiscriminado dos anti-inflamatórios





Os anti-inflamatórios não esteroidais (AINES) são uma das classes de medicamentos mais usadas no mundo. Existem mais de 20 drogas diferentes, sendo as mais famosas:

- AAS (ácido acetilsalicílico)
- Diclofenaco
- Ibuprofeno
- Naproxeno
- Indometacina
- Cetoprofeno
- Acido mefenâmico
- Piroxican
- Colecoxib

São drogas que apresentam mecanismos de ação semelhantes, mas com particularidades entre elas. Todos os anti-inflamatórios apresentam 3 efeitos básicos: Antipirético (abaixa a febre), analgésico (reduz a dor) e anti-inflamatório. As diferenças costumam ser na potência de cada uma das 3 ações e nos efeitos colaterais, alguns indesejáveis, outros úteis em algumas patologias não inflamatórias.

Os AINES agem inibindo uma enzima chamada ciclooxigenase que produz outra chamada prostaglandina. São essas as substâncias responsáveis pela inflamação e dor. Porém, existem mais de um tipo de prostaglandina e ciclooxigenase, apresentando outras funções além de mediar processo inflamatórios. Como a inibição realizada pelos anti-inflamatórios é não seletiva, além de abortar a inflamação, ocorre também uma alteração nos efeitos benéficos dessas substâncias.

As prostaglandinas são responsáveis pelos seguintes efeitos no organismo:

- Proteção do estômago contra ácidos produzidos no seu interior = Quando as prostaglandinas são inibidas, aumenta-se o risco de formação de gastrite e úlceras. Uma das principais causas de hemorragia digestiva é uso indiscriminado de AINES. O Colecoxib é de uma classe chamada inibidores da COX2 que não afeta as prostaglandinas do estômago e por isso causam menos lesões gástricas.

- Fluxo de sangue no rins = Pessoas normais conseguem tolerar essas alterações, mas pacientes com problemas renais dependem muito das prostaglandinas para função dos rins, e sua inibição pode levar a um quadro de insuficiência renal aguda. Não existe nenhum anti-inflamatório que não piore a função renal em pacientes com insuficiência renal. São todos contra-indicados neste caso.

- Coagulação sanguínea = Todos os AINES atuam nas plaquetas, diminuindo sua atividade. O AAS é a substância que mais inibe a função das plaquetas. Esse efeito colateral é frequentemente aproveitado em doentes com risco de infarto e AVE. É o que os leigos chamam de "afinar o sangue". Neste caso, o efeito colateral é benéfico. Mas essa inibição das plaquetas e da coagulação pode ser perigosa em doentes que se submeterão a cirurgias ou que apresentem algum traumatismo. Deve-se sempre suspender o AAS 7 dias antes das operações.

Os AINES são drogas seguras se administradas com indicação médica. O problema é que esta talvez seja a classe de drogas mais auto-prescrita pela população. Existem inúmeros efeitos colaterais e interações com outros medicamentos que devem ser levados em conta antes de tomá-los.

Além dos efeitos já descritos acima, também podem ocorrer:

- Piora da hipertensão
- Inibição da ação dos diuréticos
- Piora da insuficiência cardíaca
- Piora da função renal em pacientes com doença avançada de fígado
- Síndrome nefrótica
- Hepatite medicamentosa
- Interação com Varfarina
- Reação alérgica

Portanto, apesar de ser uma droga muito usada e segura, ela está longe de não apresentar complicações. Seu uso sem critérios pode levar a consequências graves.

Um dos mais famosos casos de pressão da indústria farmacêutica na aprovação de drogas aconteceu sobre os inibidores da COX2. Não havia estudos suficientes sobre efeitos colaterais e há suspeitas de ocultação de dados. Após ser lançada com grande repercussão pela pouca toxicidade gástrica, o Rofecoxib (VIOXX) foi retirado do mercado quando um estudo que tentava provar seu benefício no câncer de cólon, mostrou um aumento de infartos e AVCs nos pacientes que estavam tomando esta droga
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O que é INFLAMAÇÃO




Entenda o que é uma inflamação, porque o corpo produz o pus e como isso é benéfico para nossa saúde


Acho que todo mundo alguma vez já se perguntou o que seria exatamente o pus ou um abscesso. A idéia mais comum é que o pus se trata de uma substância produzida por bactérias.

Não é bem isso. O pus é o resultado final de uma ação das células de defesa, os glóbulos brancos, contra uma infecção, geralmente bacteriana.

Vou usar como exemplo o piercing que eu já falei em outra postagem (leia: PIERCING). A história é a seguinte:

Uma paciente coloca um piercing em uma determinada região da pele. O processo é feito sem a assepsia adequada e bactérias conseguem entrar pelo orifício de entrada do piercing. Assim que organismos estranhos entram em contato com nosso meio interno, eles são logo identificados pelas nossas células de defesa, em geral os macrófagos. Essa células imediatamente liberam mediadores inflamatórios que agem aumentando a circulação de sangue local para facilitar a chegada de mais células de defesa. É uma espécie de alarme para chamar reforços. Esse aumento local da circulação de sangue leva ao aparecimento do rubor (vermelhidão ) e do calor característicos dos processos inflamatórios. Alguns desses mediadores aumentam a sensibilidade para dor, que é uma maneira de mostrar ao paciente que algo de errado está ocorrendo naquele sítio.

O reforço vem pelo sangue, através dos leucócitos (células brancas). Esses leucócitos precisam atravessar a parede do vaso para chegar no tecido infectado e combater as bactérias. Mais uma vez, os mediadores inflamatórios ajudam, aumentando a permeabilidade dos poros dos vasos sanguíneos. Esse processo facilita a saída das células brancas, principalmente dos neutrófilos (subtipo de leucócito), mas também de proteínas e plasma ocasionando edema no local por excesso de líquido.

Neste momento temos os 4 sinais típicos de um processo inflamatório, todos causados por reações do nosso próprio organismo:

- Calor
- Rubor
- Edema
- Dor

Esse processo inflamatório descrito ocorre em qualquer situação de agressão, seja por infecções, por trauma, por queimaduras, doenças auto-imunes etc... Se o agente causador não mais existir, como no caso de um traumatismo, esse processo será auto limitado. Se houver um agente invasor como uma bactéria ou um corpo estranho, ele continuará até que a causa seja eliminada.

Voltando então ao nosso exemplo, o quadro agora é de um local com inúmeras bactérias, inúmeros neutrófilos, plasma sanguíneo, vários tipos de proteínas, mediadores inflamatórios etc... Na verdade, é uma campo de batalha, com milhões de bactérias, neutrófilos e células do tecido acometido mortos, além de mais um monte de substâncias liberadas cada vez que uma célula morre. Esse conjunto de produtos forma um líquido pastoso amarelado chamado de pus.

O pus só ocorre em pessoas com sistema imune normal. Doentes graves, imunossuprimidos, com baixa contagem de neutrófilos, não conseguem atacar bactérias invasoras, não produzem pus e muitas vezes não conseguem sequer ativar o processo inflamatório.

Muitas vezes, quando há dificuldade em derrotar determinadas bactérias invasoras, as células de defesa criam uma parede em volta do processo inflamatório, encapsulando e isolando o material purulento, impedindo que as bactérias contidas nele possam migrar para outras regiões do corpo. Isso é o abscesso. É mais um mecanismo de defesa, mas que, ao mesmo tempo que impede a saída de bactérias, também atrapalha na chegada de antibióticos e novos glóbulos brancos. Muitas vezes precisa ser abordado e drenado cirurgicamente para que se possa curar a infecção.

O abscesso pode se formar em qualquer órgão sólido, como fígado, rins, pulmão, cérebro etc... A presença dele indica uma infecção grave, geralmente com febre alta, suores e calafrios e outros sinais de sepse )

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